#Evandro Padovani
Rondônia: Uma pecuária descobrindo o futuro
O produtor precisa começar a medir os resultados e tocar sua fazenda como uma empresa rural.A pecuária de Rondônia vem batendo recordes de produtividade todos os anos. Em 2015 o rebanho bovino e bubalino do estado passou de 13 milhões de cabeças, e isso está sendo possível graças à iniciativa de pecuaristas e governo que vem investindo cada vez mais em tecnologia de manejo de pastagens para aumentar o número de animais por hectare que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o estado tem uma média de 1 UA/HA – Unidade Animais por Hectare_, ou seja, a taxa de lotação de Rondônia é uma das melhores da região Norte.
O problema de conservação das pastagens em nossa região tem, na sua maioria origem na implantação. Pois, quase todas as pastagens do norte do país foram formadas com a derrubada das árvores nativas e a queima em seguida. Essas novas áreas não tiveram nenhuma preparação melhor, com mecanização e correção química de suas deficiências, causando hoje, problemas com as ervas daninhas que, segundo o pesquisador Harri Lorenzi em seu livro- Plantas Daninhas do Brasil são plantas silvestres que nascem e se reproduzem espontaneamente e não são cultivadas pelo homem. Podem ter valor econômico próprio e interferem ou não na produção das culturas e no bem estar dos animais e do próprio homem.
Mas este cenário poderia ser diferente, se no processo inicial de colonização, ao invés de usar o fogo, tivesse utilizado a destoca e a aração das áreas. Isso permitiria um melhor controle das ervas daninhas, mas poucos pecuaristas tinham acesso a essas tecnologias de manejo de pastagem.
A pecuária de Rondônia e do Brasil está atrasada em 50 anos se comparada à agricultura. O produtor precisa começar a medir os resultados e tocar sua fazenda como uma empresa rural, que tem que ter algum nível de investimento e que isso seja medido e avaliado considerando a relação custo benefício. O quanto ele investe em uma empresa rural e o quanto ele tem de retorno com cada atividade deve ser ponderado.
Com esse entendimento a propriedade rural ganha benefícios ecológicos e produtivos, pois, é possível aumentar a eficiência produtiva do rebanho, por meio da redução na idade de abate melhorando o aproveitamento do animal produzido e o capital investido.
São dois pontos que interferem no sistema produtivo. O primeiro ponto é quando o produtor melhora a qualidade da pastagem através da adubação de pastagem. A adubação de pastagem é muito interessante, porque trabalhamos os nossos solos para fornecerem nutrientes para as forrageiras. Quando eu adubo, posso elevar minha lotação das pastagens de 1 UA/HA para até 5 UA/HA.
O segundo ponto é a suplementação que permite um maior ganho de peso por animal. Se eu tenho um animal no pasto ganhando 500g por dia eu suplemento e ele passa a ganhar 1 kg dia, eu dobrei a minha produção por animal no mesmo pasto.
Mesmo Rondônia tendo uma tradição na pecuária extensiva, muitos produtores vêm utilizando o confinamento como ferramenta estratégica para aumentar a taxa de desfrute da propriedade. O confinamento é o sistema de criação de bovinos em que lotes de animais são terminados em piquetes ou currais com área restrita, onde a dieta total e água necessários são fornecidos em cochos. O sistema é utilizado em Rondônia principalmente na época de seca, quando a oferta de pastagem é menor.
A agricultura hoje está 50 anos à frente da pecuária, ninguém planta soja sem adubar, ninguém planta milho sem adubar, sem tecnologia ou sem semente de genética conhecida. Então, eles trabalham com o máximo de genética, o máximo de nutrição e conseguem uma produção altamente viável na soja e no milho.
O boi vai caminhar pra mesma coisa em pouco tempo. A Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), adubação de pastagem, confinamento e a suplementação são hoje, opções que o produtor tem para melhorar a eficiência produtiva e a sustentabilidade socioambiental. Amanhã serão ferramentas obrigatórias, ou ele aperfeiçoa a sua atividade com a adoção das tecnologias ou vai ter que sair do negócio.
Parabéns a todos pecuaristas do Estado de Rondônia mesmo com todos os desafios enfrentados continuam firmes e produzindo.