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Agricultura familiar se destaca na produção de hortaliças em Rondônia
Em cultivos protegidos a produção é garantida o ano todoA cidade de Porto Velho é o principal centro consumidor de Rondônia com aproximadamente 500 mil habitantes. É também um considerável centro produtor de hortaliças de consumo rápido, como folhosas, especialmente produzidas através da técnica da hidroponia, também são produzidas na capital outros tipos de hortaliças, como frutos e tubérculos, tanto a céu aberto como em cultivos protegidos, utilizando-se a plasticultura.
Quando se fala em produção de hortaliças, fala-se de uma centena de espécies olerícolas, nome técnico para estas espécies caracterizadas pelo ciclo curto, alta perecividade e voltadas para a alimentação natural e saudável. Entre elas as mais cultivadas no Brasil são batata, tomate, cebola, cenoura e melancia, destas em Rondônia se cultiva comercialmente apenas tomate e melancia.
Mesmo sendo um estado importador, Rondônia não sofreu desabastecimento de verduras durante e nem depois da paralisação dos caminhoneiros ocorrida no final do mês de maio, diferente do que se via nos telejornais sobre o sudeste do país. Nos supermercados de Porto velho se encontrava boa variedade de folhas verdes e as hortaliças frutos mais comuns como aboboras, pimentões, pimentas, pepinos e tomates, muito embora este último tenha ficado mais escasso, ou com a qualidade inferior.
A continuidade do abastecimento foi possível graças aos olericultores locais, na chácara dos irmãos Daniel, Malaquias, Isaias e Moises Albuquerque, no Porto Verde, a colheita não parou e o fornecimento dos mercados, atendidos por eles foi normal. Na chácara dos quatro irmãos Albuquerque, eles produzem até 3 mil maços de couve por dia, 30 caixas de pimentão e 15 de pepinos, produzem ainda quiabo, jiló, pimenta de cheiro, malagueta e 40 toneladas de tomates por safra.
A área do Porto Verde é formada por pequenas chácaras com área igual ou menor que cinco hectares, são todos atendidos pelos técnicos da Emater-RO que mantém um escritório específico para atender este público formado na maioria por olericultores, alguns já utilizando alto nível tecnológico, e outros ainda trabalhando em modelos produtivos muito rudimentares para os padrões da agricultura moderna e de precisão.
A engenheira agrônoma da Emater-RO Solange da Costa Dantas, especialista com mestrado em olericultura, orienta a produção dos Albuquerque que adotam tecnologia de ponta, como irrigação por gotejo e fertirrigação, inclusive com analise química da solução nutritiva na própria propriedade, através de quites rápidos que conseguem identificar níveis de macros e até micronutrientes presentes no solo. Isto é possível porque utilizam um pequeno aparelho com uma câmara de vácuo que suga a água do solo para realização da analise simplificada.
Na mesma área, muito próximo da propriedade “high tech” dos Albuquerque, Solange também assiste tecnicamente o agricultor Jose Orlando, conhecido como seu Maranhão, que trabalha numa faixa de terra debaixo do Linhão da Eletronorte, e produz cebolinha e outras folhosas, e um pouco de feijão de corda. A diferença entre estes vizinhos está na escala de produção e na capacidade de adoção das tecnologias. Além da limitação econômica, seu Maranhão é mais resistente a adoção de algumas técnicas repassadas pela agrônoma. “É tudo uma questão de cultura”, acredita Solange.
Mesmo com muitas diferenças entre os produtores, na chácara de seu Maranhão tem uma casa de vegetação coberta com plástico anti UV, irrigação localizada e uso de adubação orgânica, técnicas que lhe permitem produzir para viver com sua família em apenas meio hectare de terra de baixa fertilidade. Durante as chuvas a metade fica alagada, mesmo assim quando chega o período seco ele colhe até 500 maços de cheiro verde por dia, diz Jose Orlando.
Esse pequeno recorte da realidade dos horticultores do Porto Verde, retrata o panorama geral de centenas de produtores de hortaliças daquela comunidade e, até, de todo o Estado, onde convivem, no mesmo ambiente geográfico, produtores utilizando tecnologias de alto nível e também agricultores de produção rudimentar, muito embora a assistência técnica esteja disponível igualmente a todos, algumas condições impõe limites diferentes a eles.
Os fatores que impedem ou limitam os produtores de hortaliças a se desenvolverem com a adoção de tecnologias modernas de produção são de ordem econômica e cultural. Quanto à questão econômica, a saída para o agricultor é o credito rural subsidiado, a exemplo do Pronaf, que no caso dos irmãos Albuquerque, foi usado para financiar um micro trator, a construção de estufas e a compra de insumos modernos, como fertilizantes e defensivos biológicos, produtos que protegem as plantas e não contaminam as verduras e nem o solo, elevando qualidade da produção e atendendo as exigência de segurança alimentar.
Sem o crédito é mais difícil o agricultor aceitar a inovação, porque a tecnologia é cara, só para se ter uma Idea, mil sementes de tomate usada por alguns produtores, custa 360 reais, um custo de 36 centavos por semente, estes preços fazem o agricultor ter medo de se arriscar a usar uma tecnologia nova.
“É muito difícil para o produtor aceitar que tem que desaprender tudo o que sempre fez para aprender o que o técnico diz ser o jeito certo”, diz Isaias, um dos irmãos Albuquerque. Esta afirmação confirma que a resistência do produtor em adotar inovações tecnológicas é uma questão cultural. Mas isto não desestimula os extensionistas da Emater-RO, que além das visitas às propriedades realizam, demonstrações, dias de campo e reuniões de orientação técnica para estimular os produtores a adotar inovações técnicas para a melhoria da produção, diz e Solange Dantas.