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AgRural ajusta previsão de safra de soja do Brasil e vê recorde de 120,7 mi t
O Brasil deverá colher 120,7 milhões de toneladas de soja na temporada 2019/20, estimou nesta segunda-feira a consultoria AgRural, com um leve ajuste negativo na projeção de novembro ante a divulgada em outubro (121 milhões de toneladas).
“Foi mais um ajuste negativo na linha de tendência, na questão de produção ainda usamos na maioria dos Estados a linha de tendência (histórica) de produtividade”, disse o analista Adriano Gomes.
Ele explicou que a partir de dezembro os números da consultoria já deverão vir com dados de produtividade apurados no campo.
Até a última quinta-feira, o Brasil havia plantado 67% da área projetada em 36,4 milhões de hectares.
Diante de chuvas mais escassas no início do ciclo, a AgRural aponta um atraso no plantio de soja do Brasil ante a temporada passada, quando o país havia semeado 82% da safra nesta época, e em relação à média histórica para o período (70%).
O atraso, contudo, não interferiu na decisão de rever a produtividade, disse o analista.
“A janela ideal da soja não foi prejudicada, isso não deve influenciar na produção”, disse ele.
Na temporada passada, quando o tempo seco atingiu Estados como Mato Grosso do Sul e Paraná, o Brasil produziu 115 milhões de toneladas de soja, abaixo do recorde da temporada anterior, de mais de 119 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento.
A ligeira redução na produção total em 2019/20 ocorreu apesar de um leve aumento na estimativa de plantio. A AgRural estimava alta de 1,3% na área plantada até o mês passado, e agora vê crescimento de 1,5%.
“No caso da área, foi um aumento basicamente vindo do Norte e Nordeste, pelos melhores preços tanto em reais quanto em dólar, e isso acabou pesando na decisão do produtor”, comentou o analista.
“Alguma áreas que estavam abertas, mas que não foram semeadas na temporada passada, vão ser plantadas nesta temporada”, disse ele.
MILHO SEGUNDA SAFRA
O analista reafirmou que o atraso na soja traz uma preocupação climática para a segunda safra de milho, semeada após a colheita da oleaginosa.
Mas, por ora, não é possível falar em eventuais perdas, já que tudo dependerá do clima a partir do momento em que a segunda safra estiver no campo.
“Há uma preocupação grande com a janela de milho safrinha, Estados com Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás vão ter bastante milho semeado em março”, disse ele, observando que uma parte do cereal geralmente é plantado no terceiro mês do ano, mas não tanto.
“O maior risco é no oeste do Paraná e sul de Mato Grosso do Sul, que podem pegar geada no final de maio e junho... O maior risco é o frio, além de veranico (falta de chuva) durante enchimento de grãos.”
Outro fator que deve contar para a produtividade do milho é que o cultivo vai ter “dias mais curtos pela frente”, pelo fato de ter sido plantado mais tarde.
“Isso acaba afetando a fisiologia da planta, então, geralmente, quanto mais tardio o plantio de milho, sai com potencial reduzido.”
De qualquer forma, o analista comentou que a produtividade foi boa em alguns anos em que o plantio de milho se deu mais tarde, mas que o clima foi favorável. “Está tudo em aberto.”