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Milho 2ª safra 19/20 sinaliza boa rentabilidade, inclusive sobre custo total
O bom desempenho vem dos elevados valores internos e do câmbio alto - dólar alto aumentou a competitividade do produto brasileiro para exportaçãoA colheita do milho 2ª safra 2019/20 ainda não tomou força no Brasil, mas grande parte da produção já foi negociada no Cerrado – em Mato Grosso, a comercialização já se aproximava dos 80% até abril, segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária). Já no Paraná, apenas 24% da produção foi vendida antecipadamente, como sinaliza o Deral/Seab.
Produtores do Cerrado que negociaram sua produção até abril com contratos a termo FOB Paranaguá (PR) ou futuros na Bolsa de Chicago (CME Group) deverão ter ótimas rentabilidades, sendo, inclusive, suficientes para cobrir os custos totais, algo que não era visto desde a safra 2015/16. O bom desempenho vem dos elevados valores internos e do câmbio alto – o dólar alto aumentou a competitividade do produto brasileiro para exportação.
Segundo cálculos do Cepea em parceria com a CNA no âmbito do projeto Campo Futuro, ao analisar os contratos a termo FOB Paranaguá e os futuros na CME Group, negociados entre agosto de 2019 e abril 2020, com vencimento em julho/20 e setembro/20, observou-se rentabilidade sobre o custo total (RRCT) positiva na safra 2019/20 para as regiões de Sorriso (MT), Primavera do Leste (MT), Rio Verde (GO) e Dourados (MS). Somente para Cascavel (PR) não foram registrados bons resultados sobre o Custo Total (CT), mas o retorno foi alto sobre o desembolso. Além disso, os negócios no porto de Paranaguá foram mais vantajosos que os da Bolsa de Chicago.
SORRISO (MT) – Com a produtividade média das últimas 5 safras de 105 sc/ha, produtores devem alcançar RRCT média do milho 2ª safra de 40,9% com base FOB Paranaguá e 39,2% com base nos futuros da CME Group. Em média, o lucro, até o momento, dos contratos a termo, é de R$ 1.230,74/ha e dos futuros, de R$ 1.117,08/ ha, uma grande diferença em comparação a safra 2018/19, quando o prejuízo foi de R$ 535,11/ ha, diante da produtividade de 117 sc/ha.
PRIMAVERA DO LESTE (MT) – Diante de um clima favorável, a produtividade esperada é de 100 sc/ha, dando ao milho 2ª safra RRCT média de 27,2% para o negócio FOB e de 25,6% para a CME Group. Com isso, o lucro do milho está em R$ 861,73/ha para as entregas no porto de Paranaguá e em R$ 753,48/ha se negociados na Bolsa de Chicago. Na safra passada, houve prejuízo de R$ 339,64/ha, mesmo colhendo 120 sc/ha.
RIO VERDE (GO) – A produtividade deve ficar próxima de 100 sc/ha, o que resultaria em RRCT média de 21,5% com base nos negócios FOB Paranaguá e de 20% na comercialização via CME Group. Portanto, os lucros médios do milho 2ª safra nessa temporada ficam em R$ 750,60/ha (base FOB Paranaguá) e em R$ 636,93/ha (base Chicago), enquanto na safra 2018/19 foi verificado prejuízo de R$ 278,89/ha frente a produtividade de 117 sc/ha.
DOURADOS (MS) – Produtores esperam rendimentos de 80 sc/ha, devido à seca no final do ciclo, resultando em RRCT de 9,8% para negócios FOB Paranaguá e de 8,5% na base Chicago. Assim, os lucros médios seriam de R$ 289,03/ha e de R$ 202,42/ha, respectivamente. Na safra 2018/19, o produtor da região sul-mato-grossense não conseguiu nem ao menos pagar o custo operacional, somando margem bruta negativa de R$ 586,51/ha frente à produtividade de 90 sc/ha.
CASCAVEL (PR) – Até abril, devido à seca, a produtividade é estimada para ficar abaixo da esperada, em 90 sc/ha. Tal rendimento deve entregar ao produtor RRCT de -23% com base nos negócios FOB Paranaguá, o equivalente ao prejuízo de R$ 1.087,93/ha. Contudo, a rentabilidade sobre o custo operacional (RRCO) na região com base FOB Paranaguá é de 19,7% e com a CME Group, de 16,7%. Na região, a propriedade típica é pequena e a diluição dos custos fixos acaba ficando prejudicada. Além disso, o custo da terra é um dos maiores do País, o que justifica seu retorno sobre o CT.