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O agro brasileiro alimenta 800 milhões de pessoas, diz estudo da Embrapa
Ciência agropecuária contribui para o aumento da produção de alimentos no país.A participação do Brasil no mercado mundial de alimentos saltou de 20,6 bilhões para 100 bilhões de dólares, nos últimos dez anos, com destaque para carne, soja, milho, algodão e produtos florestais. Segundo especialistas da Embrapa, os dados indicam que a contribuição do Brasil para o abastecimento mundial deverá aumentar ainda mais nos próximos anos.
A informação faz parte do mais recente estudo de autoria de Elisio Contini e Adalberto Aragão, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa (Sire) sob o título “O Agro brasileiro alimenta 800 milhões de pessoas”. O estudo completo encontra-se disponível no Sistema Agropensa (disponível aqui). Também foi publicado no Portal NeoMondo em uma versão resumida (disponível aqui).
“É importante conhecer a contribuição do Agro Brasileiro na disponibilidade de alimentos para a sociedade brasileira e para o mundo. Em termos de pessoas alimentadas, em manifestações de autoridades e trabalhos técnicos, os números variavam de 1 a 1,5 bilhão de pessoas. Decidimos checar estes números, partindo da produção de grãos e oleaginosas do Brasil em relação à mundial”, explica o pesquisador Elísio Contini.
Nessa direção, o estudo adotou um método que considera a produção de grãos e oleaginosas - alimentos básicos de amplas populações no mundo e também considerados básicos para a produção de proteína animal-, para quantificar o quanto o agro brasileiro contribui para a alimentação de pessoas no Brasil e no mundo.
“A hipótese é de que os grãos e as oleaginosas vêm sendo a base da alimentação humana, para o consumo direto das pessoas, alimentos processados ou como insumo para ração para a produção das principais carnes”, afirmam os autores do trabalho que adotaram para a exeução do cálculo a classificação de "alimentos" utilizada pelo Banco Mundial para a elaboração do Food Price Index.
O indexador “Food Price Index” considera os seguintes cereais: arroz, trigo, milho e cevada; óleos vegetais e tortas: soja, óleo de soja, torta de soja, óleo de dendê, de coco e de amendoim; além de outros alimentos: açúcar, banana, carne de boi, de aves e laranja.
Dois caminhos
Os autores do estudo realizaram dois cálculos para se chegar a quantidade de pessoas que o Brasil pode alimentar no mundo. O primeiro é baseado na produção física de grãos e o segundo agrega à esta produção física o seu respectivo valor monetário, a partir de preços internacionais.
Outra inovação do trabalho é a conversão da carne bovina exportada.“Como a carne bovina brasileira exportada é produzida a pasto, convertemos esta exportação para equivalente grãos e quantificamos quantas pessoas são alimentadas por esta carne. Esta é a segunda alternativa do estudo”, esclarece Contini.
Para as duas alternativas, calculou-se o número de pessoas que a produção brasileira pode alimentar no mundo, incluindo o Brasil. Para os autores, a segunda alternativa aproxima-se mais da resposta esperada.
“Na primeira alternativa, baseada na produção física, utilizaram-se dados do International Grains Council (IGC), subtraindo-se as importações de grãos feitas pelo Brasil. A partir dos dados de produção, estabeleceu-se o percentual da produção brasileira destes grãos em relação à mundial. Com dados da população mundial, foi possível quantificar o número de pessoas que o Brasil pode alimentar, com base na sua participação na produção mundial de grãos e oleaginosas”, detalham os autores do estudo.
Como resultado deste primeiro cálculo chegou-se à seguinte conclusão: no período considerado, a participação do Brasil na produção mundial de grãos cresceu de 6% em 2011 para 8% em 2020.
“Assim, as pessoas alimentadas pelo Brasil no ano de 2020 são a população brasileira de 212,235 milhões de pessoas e mais 424,687 milhões de pessoas em outros países, pelas suas exportações de grãos, oleaginosas e carnes de aves e suínos”, explicam Contini e Aragão.
Para a segunda estimativa, os autores utilizaram o seguinte método: estimou-se a população alimentada pelo Brasil não mais na quantidade de produção, mas a partir dos preços internacionais dos produtos, estabelecidos pelo FMI, multiplicados pela produção física, a cada ano. À esta alternativa, transformou-se a carne bovina exportada em equivalente grãos. Em seguida, fez-se a sua proporção em relação ao total, como realizado anteriormente.
“Os dados mostraram que o Brasil, em 2020, forneceu alimentos para 772,600 milhões de pessoas, sendo 212,235 da população brasileira e mais 560,365 milhões de outros países, por meio da exportação de grãos e da carne bovina convertida em grãos. A variação da população total alimentada pelo Brasil em 2019 de 809,472 milhões em relação a 2020 deve-se à variação de preços dos produtos nos dois anos considerados. Assim, pode-se afirmar que ao redor de 800 milhões de pessoas são alimentadas pelo Brasil, incluindo a população brasileira”, afirmam os autores.
Acesse o estudo completo, com as tabelas e os indicadores que proporcionaram as estimativas, no Sistema Agropensa (disponível aqui)
*Texto elaborado a partir de informações do autores e do conteúdo do artigo "O agro brasileiro alimenta 800 milhões de pessoas"