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Rabobank prevê safra de ao menos 55 milhões de sacas de café em 2020
O Brasil deve produzir entre 55 milhões e 56 milhões de sacas de café na safra 2019/20, que está em início de desenvolvimento e será colhida no primeiro semestre do ano que vem, segundo estimativa do banco holandês Rabobank. Para a atual safra, o banco projeta que a colheita tenha somado 56,8 milhões de sacas, abaixo dos cerca de 60 milhões estimadas pela Conab e das quase 64 milhões de sacas recentemente divulgadas pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Para o Rabobank, a produção de arábica deve ficar entre 37 milhões e 38 milhões de sacas em 2019/20, abaixo das 41 milhões de 2018/19, em decorrência da bienalidade negativa do ciclo. Mas o conilon deve surpreender e se recuperar, atingindo uma produção entre 17 milhões e 18 milhões de sacas em 2019/20. No ciclo atual, foram 15,8 milhões de sacas, segundo o banco.
“O que vai surpreender é o conilon. Não está faltando chuva nas regiões produtoras do Brasil”, disse Guilherme Morya, analista de café do banco, durante apresentação hoje no 26º Encafé, em Punta del Este.
No entanto, diante das previsões indicando grande possibilidade de ocorrência do fenômeno El Niño, é preciso monitorar como a safra de conilon brasileira vai se comportar, afirmou. Ele lembrou que foi exatamente durante a ocorrência do último El Nino, entre 2015 e 2016, que o Espírito Santo, principal Estado produtor da espécie, sofreu uma forte seca, que derrubou a produção do grão. “Tem de monitorar a extensão do fenômeno”, disse.
O Rabobank prevê crescimento da colheita na safra 2018/19 dos concorrentes do Brasil na América do Sul, como Honduras e Colômbia, que produzem arábica. Mas Morya avalia que também é preciso atenção sobre os efeitos de um eventual El Niño nos próximos meses na florada e no enchimento de grãos na Indonésia, que produz robusta. Para o Vietnã, que deve ter uma safra recorde de robusta em 2018/19, o fenômeno climático não seria tão preocupante, já que poderia provocar seca no período da colheita no país, observou.
Nesse cenário previsto de boas colheitas, com uma projeção de superávit global de 5,5 milhões de sacas de café no ciclo 2018/19, Morya afirmou que os preços do café no mercado internacional não encontram sustentação para subir. Nas safras anteriores, quando havia um cenário de déficit global, o café chegou a U$ 1,60 por libra-peso, observou o analista.
O Rabobank projeta que o preço futuro do café em Nova York deve ficar na casa dos US$ 1,19 por libra-peso neste último trimestre do ano, alcançando US$ 1,24 a partir do primeiro trimestre de 2019. Guilherme Morya não acredita que os preços possam ficar abaixo de US$ 1,00 por libra-peso em Nova York, apesar do superávit global.
Segundo ele, além dos fundamentos de oferta, o comportamento dos fundos não comerciais (que vinham apostando na queda dos preços) na bolsa e o câmbio devem exercer influência sobre os preços do café nos próximos meses. “Mas o panorama pode mudar a depender das chuvas, da extensão do El Nino. É preciso ver se vai impactar a produção de robusta na Ásia”, reiterou.