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Brasil deve exportar 15% menos café solúvel
O Brasil é o maior exportador global de café solúvel, assim como de grãos verdes.Brasil deve exportar 15% menos café solúvel Os embarques do produto podem recuar devido a problemas na oferta do conilon (robusta) em 2017, diante da seca no Espírito Santo. Segundo a Abics, o País perdeu mercado para a Ásia O País é o maior exportador global de café solúvel e de grãos verdes
São Paulo – As exportações de café solúvel devem recuar 15% neste ano, após o País registrar problemas na oferta do conilon (robusta). O Brasil deve embarcar 500 mil sacas a menos em 2017, estima a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics).
“Vamos exportar menos neste ano porque perdemos clientes, que agora compram [solúvel] de concorrentes na Ásia. Levará tempo para recuperarmos esses compradores”, afirmou o presidente da Abics, Pedro Guimarães, em evento do setor.
O Brasil é o maior exportador global de café solúvel, assim como de grãos verdes.
Mas as secas em 2015 e 2016 derrubaram a safra de conilon do Espírito Santo, o principal produtor nacional da variedade usada na fabricação do solúvel, e a indústria desse produto chegou a defender a importação de café verde para calibrar a oferta doméstica. As compras externas acabaram não se concretizando, e o Brasil perdeu negócios para concorrentes na Ásia, por não ter conseguido obter matéria-prima no mercado a preços adequados.
Conforme dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o País embarcou, em 2016, 3,87 milhões de sacas de solúvel, mas neste ano as vendas devem ficar em torno de 3,3 milhões de sacas diante da perda de participação no mercado internacional, projetou Guimarães.
“Voltamos aos níveis de 2010”, frisou o presidente da Abics. A avaliação do dirigente confirma reportagem de agosto da Reuters com um diretor da Abics, que indicou que o setor voltaria ao patamar de 2010. No acumulado de 2017, de janeiro a outubro, as exportações somam 2,80 milhões de sacas, queda de 12,5%, conforme o Cecafé.
Segundo Guimarães, a importação de café verde não é mais necessária agora, embora a “Abics seja a favor do livre mercado”. “Não vislumbro isso no curto prazo, dado o realinhamento com os preços internacionais e a perspectiva de uma safra maior no ano que vem. Não vejo justificativa para se trazer café de fora.”
Para 2018, Guimarães destacou que não são esperados “gargalos” na oferta de café para a indústria e que o trabalho se dará na reconquista de importadores. Ele não projetou quanto o País deve exportar no ano que vem.
JDE
A Jacobs Douwe Egberts (JDE), a segunda maior comercializadora de café do mundo, trabalha pela maturação de seus investimentos recentes e segue em busca de uma participação maior no segmento premium no Brasil, disse na sexta-feira (24) a presidente da empresa no País, Lara Brans.
“Queremos oferecer marcas de maior valor agregado, premium, de alta qualidade. Estamos investindo e consolidando isso. Estamos no caminho certo”, afirmou à agência Reuters durante o EnCafé.
O investimento mais recente da JDE no Brasil foi o lançamento, em agosto, da marca LOR, em um mercado super premium em que a empresa espera ver dobrar em três anos. Conforme dados da Euromonitor International, o consumo de café premium no Brasil atinge hoje de 5% a 10% do total, com algo em torno de 70 mil toneladas.
Quase metade da demanda por café premium no Brasil se dá no Sudeste do País, embora a JDE, com o LOR, tenha buscado uma expansão em toda a nação, que é a segunda maior consumidora de café do mundo, depois dos Estados Unidos.
Atrás apenas da Nestlé no comércio global de café, com uma parcela de 9,5% das receitas, segundo a Euromonitor, a JDE pretende distribuir o portfólio total do café LOR (grãos, torrado e moído, instantâneo e cápsulas) em até 2 mil pontos de venda no Brasil.
A maioria dos produtos LOR está sendo produzida no Brasil, usando cafés brasileiros selecionados. No País, considerando-se todas as categorias, a JDE possui uma participação de cerca de 18,7% no mercado de café.