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Crédito rural: R$ 39 bilhões liberados nos dois primeiros meses de safra
Valores destinados a custeio e investimento para o pequeno e médio produtor cresceram em relação ao mesmo período do ano passadoNos dois primeiros meses da safra 2019/2020, referentes a julho e agosto, o valor das contratações de operações de crédito rural somou R$ 38,9 bilhões. Houve crescimento nas operações de custeio (2%), de investimento (14%) e de industrialização (40%). Os dados são da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e fazem parte do Balanço de Financiamento Agropecuário Safra 2019/2020, divulgado no mês de setembro.
Segundo o diretor do Departamento de Financiamento e Informações do Ministério da Agricultura, Wilson Araújo, os números refletem a política de atendimento preferencial aos pequenos e médios produtores e em programas de investimentos prioritários na Safra 2019/2020.
“O crescimento foi grande no custeio e investimento. O crédito para o médio produtor cresceu 28%. Para o pequeno produtor, que está enquadrado no Pronaf, cresceu 16%. Já nos investimentos, foi registrado crescimento em todos os segmentos: pequeno, médio e grande produtor. O que está acontecendo está retratando exatamente o que foi preconizado e priorizado no plano safra”, destacou Wilson Araujo.
Na propriedade do produtor rural Leomar Cenci, no Distrito Federal, o plantio neste ano vai contar com maquinário moderno e um novo armazém de grãos. O investimento, cerca de R$ 2 milhões, veio do crédito rural. Sem ele, seria inviável ampliar os negócios, explicou.
“São raros, ou poucos, os produtores que conseguem conduzir a lavoura com recurso próprio. O investimento que se faz no plantio é muito alto. Tem o risco. Aliás, o produtor tem um certo subsídio no seguro agrícola que vem do governo e é extremamente importante”, enfatizou.
O programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária, a que Leomar teve acesso, foi um dos que mais cresceu nesta safra, 109%. Outros programas também tiveram crescimento, como o Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) e Moderinfra (financiamento para o desenvolvimento da agropecuária irrigada sustentável). O crescimento corresponde a 55% e 45% respectivamente.
Para o diretor do MAPA, os programas inovam o setor. “A motivação e criação destes programas foi incorporar as tecnologias, portanto máquinas e equipamentos, no processo produtivo que, no médio prazo, resulte em um salto de produtividade. Ganhos expressivos de produtividade. O programa tem modernização de plantas de estruturas destinadas à criação de avicultura e suinocultura, por exemplo”, e acrescentou. “Também contempla agricultura de precisão e energias alternativas, energias limpas e estimula a conectividade no campo”, destacou.
O agronegócio brasileiro é uma potência mundial na produção de alimentos e também em tecnologias eficientes de produção. As inovações no campo têm ampliado a produção no setor sem aumentar a área produtiva através de máquinas modernas, sementes resistentes a pragas e tecnologias de baixa emissão de carbono.
Preservação e financiamentos
Wilson Araújo explicou que todos os programas de investimentos disponíveis para os produtores rurais no Brasil não são indutores do desmatamento e previu que, com a economia estável, novas fontes de financiamento privado podem chegar ao mercado.
“Estamos com a economia relativamente estabilizada e com sinais de permanência deste nível de estabilização – seja de taxas de juros, índice de inflação e taxa de câmbio, que deverá se acomodar em algum momento. Portanto, diante deste ambiente de estabilidade econômica em patamares de taxas de juros bastante reduzidas, tem o ambiente para viabilizar fontes privadas de financiamentos, alternativas ao crédito rural subsidiado que o governo tem possibilitado. Gradativamente, estas fontes privadas, e estamos trabalhando para isto, alcancem cada vez mais participação no financiamento do setor agropecuário e agroindustrial”, disse.