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Campus Cacoal implanta metodologia do Programa “Balde Cheio” em UEP de pecuária
Para implantar a tecnologia, uma área de três mil metros quadrados foi dividida em 24 piquetes iguaisO Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Cacoal, liberou nesta semana os primeiros animais de seu rebanho para pastar em uma área que adota a metodologia do projeto “Balde Cheio”.
O plano foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a transferência dessa tecnologia pode quadruplicar a produção de leite desses animais. “Esse é o sistema de produção de leite mais eficiente do Brasil hoje, especialmente para o pequeno produtor. As técnicas são de aplicação simples e com bases agroecológicas, o que significa dizer que o dono de uma propriedade pode usar materiais que já estão na sua área para colocá-lo em prática”, explicou Tyago Reinicke, que é extensionista e responsável por acompanhar a execução do programa no Campus Cacoal.
Para implantar a tecnologia, uma área de três mil metros quadrados foi dividida em 24 piquetes iguais. Durante alguns meses, uma espécie de capim foi cultivada na área, aguardando o momento ideal para a entrada das vacas. A partir de então, elas pastam durante um dia em cada um dos piquetes e, ao final dos 24 ciclos, retornam para o primeiro, que já terá o capim num ponto ideal de consumo novamente.
Vantagens
Uma das primeiras vantagens em adotar essa tecnologia é o ganho na lotação do pasto. “No cultivo extensivo, são necessários 24 mil metros quadrados para cada animal. Nesse modelo, três mil metros quadrados serão suficientes para prover todo consumo necessário aos animais. Em outras palavras, essas vacas vão obter todos os nutrientes que precisam para a produção do leite em uma área que alimentaria meia vaca no outro modelo”, comparou Reinicke.
O trato do capim na metodologia do projeto “Balde Cheio” eleva o potencial proteico do alimento bovino se comparado ao cultivado em pasto aberto, o que também subsidia os bons resultados. “Nesse sistema a proteína do alimento tem uma média 15%, enquanto no cultivo de extensão a média é de 5%. A diferença se transforma em ganhos para o animal, que pode triplicar sua produção de leite, saindo de uma média de cinco para 15 litros ao dia”, complementou o extensionista.
Ainda de acordo com Reinicke, os custos com a alimentação do gado também sofrem queda a partir do uso dessa metodologia de produção. “Geralmente a dieta dos animais precisa ser complementada com outras fontes ricas em proteína e energia, como a soja e o milho. As vacas que se alimentam nesse sistema não necessitam de toda essa complementação, podendo ter só o milho como fonte proteica suplementar, por exemplo”.
Histórico
A busca pela parceria para transferência de tecnologia do projeto “Balde Cheio” para o IFRO teve início através da professora de Zootecnia, Isis Foroni. Ela foi quem primeiro vislumbrou a oportunidade de tratar os animais dentro desse plano alimentar desenvolvido pela Embrapa e que ainda prevê o desenvolvimento de planilhas de custos para estimar a produção e se as intervenções trouxeram ganhos à unidade. “Uma das principais estratégias do Balde Cheio são as parcerias que fortalecem essa cadeia produtiva do leite em todo o Brasil. Nossa condição, enquanto Instituto Federal, é produzir conhecimento e aperfeiçoar os métodos utilizados. Ou seja, a partir de agora, estamos integrados a essa expressiva rede de trabalho em que ocorre uma intensa troca de informações para criar uma base de produção sustentável e com qualidade para o leite”, disse Isis.
O Departamento de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão (DIEPE) é responsável pela UEP de Pecuária do campus e chefiada por Dierlei dos Santos. Ele explica que a instalação da área já trouxe benefícios ao sistema de manejo do gado na unidade, mas entende que mais ganhos ainda estão por vir. “Visualmente a gente já consegue perceber a qualidade do capim, pelas características de cor e tamanho. A tendência é que isso melhore ainda mais, com a instalação de um sistema de irrigação adequado e com o processo de adubação. Nesse sentido, um passo importante foi a perfuração de um poço artesiano específico para esse projeto, mas feito com uma profundidade capaz de irrigar mais do que a área que temos hoje, pois nossa intenção é desenvolver mais piquetes como esse”, projetou Santos.
Parcerias
Diretor-Geral do Campus Cacoal, Davys Sleman considerou extremamente relevante a parceria desenvolvida e aplicada na transferência dessa tecnologia para o IFRO. “Estamos presenciando aqui um novo laboratório prático para os nossos alunos e para os pequenos produtores da nossa região, que podem encontrar no Instituto soluções simples para alavancar sua produção leiteira e a renda familiar”, comentou.
Ele frisou que o projeto já envolve a participação de um aluno da unidade, o estudante do curso Técnico em Agropecuária, Caio Borgonhoni, que tem colaborado com suplementos específicos para o controle de carrapatos e outros parasitas. “Ficamos satisfeitos em perceber um projeto que une profissionais do IFRO, de outras instituições e alunos, como o Caio, para gerar conhecimento e benefício para toda a comunidade”, disse.
As três vacas leiteiras que estão atualmente na área do Projeto Balde Cheio integram o rebanho da Unidade Educativa de Produção (UEP) de Pecuária do Campus Cacoal. A implantação e execução do projeto conta com o extensionista Tyago Reinicke, o aluno Caio Borgonhoni, os professores Dierlei dos Santos, Isis Foroni, Débora Corrêa e os Técnicos Administrativos em Educação/Técnico em Agropecuária Cesar Boscato e Fernando Cardoso.