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Produtores fecham BR-429 pela 2° vez em protesto por fazenda invadida
Agricultores fecharam via nesta segunda-feira (15), em São Miguel (RO). Grupo pede que reintegração de posse seja executada, em Seringueiras.A BR-429 foi novamente interditada por produtores rurais nesta segunda-feira (15), em São Miguel do Guaporé (RO), município do Vale do Guaporé. Segundo integrantes do movimento "Todos Pela BR-429", a interdição está sendo feita em protesto pela invasão da fazenda Bom Futuro, em Seringueiras (RO). A propriedade foi ocupada por cerca de 100 pessoas da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) no dia 17 de julho. Esta é a segunda vez que os produtores bloqueiam a rodovia reivindicando a reintegração de posse da fazenda.
Segundo o movimento, cerca de 200 pessoas, entre produtores rurais e moradores da região, participam do bloqueio realizado na rodovia desde a manhã desta segunda-feira. Segundo os produtores, o protesto deverá ser mantido até que seja cumprida a ordem de reintegração de posse e os invasores sejam retirados da fazenda Bom Futuro.
Um dos manifestantes, que prefere não se identificar, afirma que esta é uma maneira de exigir das autoridades que seja cumprida a reintegração de posse. “Já tem dias que temos a decisão de reintegração, mas ainda não aconteceu. A população se sente amedrontada, coagida pelo grupo da LCP”, afirma o produtor.
Ainda segundo o produtor, testemunhas têm visto novos camponeses chegarem ao local para se juntar ao grupo. "Não estamos sendo atendidos. As autoridades não estão nos vendo. O que nós temos observado é que está aumentando o número de pessoas na fazendo invadida, tem chegado todos os dias", diz.
"A advogada tem desrespeitado a ordem judicial de não levar suprimentos para eles. Nós flagramos a advogada levando fardos de arroz para ele. Segundo a ordem judicial, era para evitar qualquer suporte para fazer com que eles permaneçam na área", comenta o produtor. No último dia 9, três pessoas foram presas transportando alimentos e munição, que supostamente seriam entregues aos invasores.
Neste último sábado (13), o helicóptero Falcão 2 do Núcleo de Operações Aéreas (NOA) foi novamente alvo de disparos, enquanto sobrevoava a fazenda Bom Futuro. Os acampados já haviam atirado contra a aeronave, durante a tentativa de reintegração de posse realizada no dia 21 de julho.
Segundo o movimento “Todos Pela BR 429”, veículos de transporte de perecíveis e veículos de emergência podem passar livremente pelo bloqueio.
Invasão
Conforme informações da polícia, dois ônibus lotados estacionaram na entrada da fazenda Bom Futuro no dia 17 de julho. Seis homens armados desceram e caminharam em direção à propriedade, onde fizeram o dono da fazenda e um funcionário refém. Outro funcionário percebeu a movimentação e conseguiu se esconder na pastagem e ligar para a Polícia Militar (PM).
Os reféns foram mantidos amarrados e encapuzados. Horas depois foram obrigados a deixar a fazenda. Além dos ônibus, diversos veículos de passeio foram vistos adentrando a fazenda após a invasão.
Reintegração
Uma ação de reintegração foi realizada no último dia 21 de julho, mas os invasores abriram fogo contra o helicóptero do NOA, o que motivou a PM a abortar a missão.
O desembargador do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), Rovilson Teixeira, suspendeu no dia 28 de julho a liminar que concedia a reintegração de posse da fazenda, definindo a situação como conflito agrário.
Depois de ter sido suspensa pelo TJ, a reintegração de posse da fazenda Bom Futuro foi restabelecida em decisão do juiz Jorge Luiz dos Santos Leal, que determinou um prazo de 10 dias úteis para que os ocupantes deixassem a fazenda.