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Sem produto do Brasil, importadores têm dificuldade em comprar carne de frango
As vendas brasileiras correspondem a cerca de 40% do comércio mundial de frangos. Acrescenta-se a isso o fato da gripe aviária ter chegado aos Estados Unidos, segundo maior exportador de frango de corte. Assim, os grandes importadores podem não conseguir suprir o volume disponibilizado pelo Brasil, se os embargos permanecerem por longo tempo.
"É difícil dizer qual país poderia substituir completamente um gigante como o Brasil no mercado mundial de frango com os EUA afetados pela gripe aviária", disse o diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, em entrevista à Bloomberg. "Eu me arriscaria a dizer que não há país capaz de fazer isso no momento", acrescenta.
Na visão do vice-presidente de proteínas animais do Rabobank International Atlanta, Will Sawyer, embora haja uma possibilidade de abertura de mercado aos concorrentes, os exportadores menores podem ter dificuldade em competir com o Brasil, do ponto de vista de preço e volume.
Esses fatores poderiam forçar importadores a levantar algumas restrições a carne brasileira, antes do esperado. A Coréia do Sul, por exemplo, voltou atrás da decisão de bloquear as compras, depois que o governo brasileiro esclareceu que as alegações de carne contaminada não afetam as empresas que exportam frango para o país asiático.
Vale lembrar que com os recentes casos de Influenza Aviária Ásia, Europa e Estados Unidos, o Brasil passou a ser fortemente demandado. Em fevereiro deste ano, as exportações de carne de frango cresceram 3,2% em volume e 24% em receita, com preços mais altos sendo influenciados por fatores como a oferta mais escassa.
No período, o Brasil exportou 330,2 mil toneladas, ante 319,9 mil toneladas em fevereiro de 2016, considerando embarques todos os produtos (in natura, embutidos, processados), segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em receita, as exportações renderam US$ 566,2 milhões, na comparação com US$ 456,5 milhões no mês mesmo mês do ano passado.
Prejuízos
A China, combinada com Hong Kong, que é o maior destino para o frango brasileiro, suspendeu as compras de carne do país sul-americano. A Arábia Saudita, o segundo comprador, ordenou novas inspeções de embarques de carne, enquanto a União Europeia e o Japão também estabeleceram restrições.
"O governo está tentando mostrar aos importadores que este é um episódio isolado, que afeta apenas algumas plantas", disse em coletiva o ministro do Comércio Exterior, Marcos Pereira. "Mas, é possível que a carne brasileira perca valor no comércio mundial. Vamos trabalhar para torná-lo o menor possível", conclui.
Nesta quarta (21) o Ministério do Desenvolvimento divulgou um parcial dos números de exportação desde que a operação veio à tona. Segundo os dados, as vendas despencaram nesta semana, saindo de uma média diária de US$ 63 milhões para US$ 74 mil.