#Agropecuária
Vigilância é palavra de ordem para pecuarista ajudar na erradicação da febre aftosa em Rondônia
O fim de aplicação vacinal no País deverá ocorrer até 2023. Rondônia é o sexto maior rebanho bovino brasileiro, com 14 milhões de cabeças. Seus frigoríficos exportam para 40 paísesPatas e bocas do boi estarão agora bem mais visíveis aos olhos do pecuarista, do fiscal de sanidade animal e dos frigoríficos.
Reunidos na última quinta-feira (5) na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (Faperon), técnicos e representantes do setor debateram a ampliação da zona livre da febre aftosa e ações unificadas com o apoio de estados vizinhos.
Em ata, os representantes de órgãos públicos protocolaram 101 ações orientadoras do programa, prevendo que o exercício permanente da vigilância nas divisas (AC, AM e MT) e na fronteira Brasil-Bolívia será a grande alavanca para garantir sanidade total dos rebanhos.
Ao mesmo tempo em que atende aos rigores do Programa Nacional de Prevenção e Erradicação da Febre Aftosa (Pnefa), Rondônia, estados e países limítrofes integram o chamado Plano Hemisférico, supervisionado pela Comissão Sul Americana de Luta contra a Febre Aftosa. Ou seja, a luta é também da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai.
O fim de aplicação vacinal no País deverá ocorrer até 2023. Rondônia é o sexto maior rebanho bovino brasileiro, com 14 milhões de cabeças. Seus frigoríficos exportam para 40 países.
O que acontecerá se o pecuarista vacinar, a partir da declaração de área livre da doença, em maio próximo? O encontro serviu para alertar o setor a respeito de infecções animais e das reais garantia de imunidade. Como provar aos mercados que os rebanhos estão clinicamente sob controle, se o pecuarista deixar de observar o vizinho de cerca?
“Nosso debate começou há um ano, a comissão é hoje o centro decisório”, afirmou o presidente da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron), Anselmo de Jesus. Referiu-se à Coordenação e Gestão do Pnefa, autorizada pelo Decreto nº 22.418, de 21 de novembro de 2017 e Portaria 116/2018, que designou membros.
“Com a retirada da vacinação, os custos passam para o Estado e à União, a fim de que as garantias sejam mantidas e o risco mitigado”, apontou o audiovisual da Idaron. Para Anselmo, Rondônia será área livre “quando a propriedade com o mínimo de bois, um apenas que seja, estiver georreferenciada e sob vigilância. “Essa é a garantia da sustentabilidade”.
“Muita gente desconhece as consequências de produtos e animais contaminados entre um país e outro, e mesmo observando o crescimento da pecuária leiteira em minha região, queremos melhorar”, disse o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Emerson Lira da Cruz, referindo-se a Nova Mamoré, seu município.
ALINHAMENTO
Na opinião de Anselmo, Rondônia “dá o pontapé inicial” para o envolvimento de outros estados na campanha. “Antes o debate foi prejudicado por causa da Carne Fraca, da qual muitas lições foram tiradas”, comentou aludindo-se à operação d a Polícia Federal que resultou na investigação das empresas JBS (dona das marcas Seara, Swift, Friboi e Vigor) e BRF (dona da Sadia e Perdigão) acusadas de adulterar a carne que vendiam no mercado interno e externo.
“Nossa meta mais urgente é agora o alinhamento de todos os segmentos”, disse o presidente da entidade, Hélio Dias. Ao lançar o adesivo “Rondônia pecuária sustentável”, que sucede o antigo “Boi natural”, ele conclamou pecuaristas a agregar valor à arroba do boi, e reduzir prejuízos.
“Essa transição para a suspensão da vacina é importante no momento econômico rondoniense, amazônico e brasileiro”, ele considerou. As exportações de carne bovina rondoniense totalizaram R$ 511 milhões em 2017.
Associações de Alta Floresta d’Oeste, Ji-Paraná e Rolim de Moura telefonaram a Hélio Dias, manifestando ânimo e apoio. “O Ministério da Agricultura acredita em nós”, ele reforçou.
No plano, o País foi dividido em cinco blocos, para que seja feita a transição de área livre da aftosa com vacinação para sem vacinação. Integram o Bloco I, Acre e Rondônia; o Bloco II: Amazonas, Amapá, Pará e Roraima.
A Agência Idaron trabalha com a possibilidade de integrar a fiscalização com Rondolândia e Comodoro (ambas em MT). Historicamente, a maioria da população (3,5 mil habitantes) da primeira tem maior ligação com Ji-Paraná e Cacoal, enquanto Comodoro (19 mil) tem ligação com Vilhena.
AQUOSA E OLEOSA
Em agosto de 2017, já prevendo o fim da enfermidade, o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, médico veterinário Emílio Carlos Salani, explicou que a indústria poderia encapsular ou desenvolver vacinas em organismos geneticamente modificados.
Esse sindicato representa 80 empresas de medicamentos veterinários que atuam no País.
Salani comparou a febre aftosa com outras enfermidades, afirmando que a vacina da aftosa não tem tantas evoluções desde que foi criada, na década de 1980. No entanto, apontou melhorias: “Ela era aquosa e aplicada a cada quatro meses, e com a oleosa, o tempo passou para seis meses. Há oito anos, quando o Brasil alcançou a condição de livre com vacinação para a maior parte de seu território, abriram-se as portas para a sua carne bovina”, assinalou.
Segundo Salani, pela atual composição viral da vacina, ao recolher o sangue de um bovino e constatar a presença de anticorpos do vírus da aftosa, é possível diferenciar se eles são de um animal que foi vacinado ou de um animal que foi infectado. Essa análise é decisiva para exportar carne a alguns países, porque é preciso provar que não há circulação viral.
MAIORES REBANHOS
Os municípios com os maiores rebanhos do estado são:
Porto Velho (970,5 mil)
Nova Mamoré (651,6 mil)
Jaru (543 mil, Buritis (502,1 mil),
Ariquemes (477,8 mil)
Cacoal (463,6 mil)
Campo Novo (433,3 mil)
Ji-Paraná (432,6 mil),
Alta Floresta do Oeste (408,9 mil)
Cacoal (408,9 mil)