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Ração de pets aproveita 2,5 milhões de ton de alimentos que seriam descartados

Indústria utiliza farinha de trigo, milho e arroz quebrados com nutrientes e que são desprezados pelo aspecto visual

Ração de pets aproveita 2,5 milhões de ton de alimentos que seriam descartados

Mais de 2,5 milhões de toneladas anuais de alimentos que seriam descartados por ano são aproveitados na fabricação de ração. A indústria de pet food utiliza farinha de trigo, milho e arroz quebrados na composição de alimentos para animais domésticos, desde que estejam preservados os níveis adequados de proteínas, vitaminas e minerais.

“É um importante papel da indústria de pet food esse aproveitamento de matéria prima, desprezado pelo consumidor apenas pelo seu aspecto visual. É o que chamamos de sobra de mesa”, diz o engenheiro agrônomo José Edson Galvão de França, presidente da Câmara Setorial de Animais de Estimação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da AbinpetT (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação).

Da composição de 90% a 95% da ração, 60% é composta por grãos, e entre 25% e 30% são de origem animal. “Estamos aproveitando o que seria inservível e produzindo alimentação balanceada para os animais, evitando doenças e contribuindo com a qualidade de vida das famílias”, observa França.

E esses produtos contribuem para movimentar a economia. Mais de 132 milhões de animais de estimação vivem em lares brasileiros, segundo dados do IBGE, fazendo com que o segmento de produtos pet fature R$ 20,37 bilhões, o equivalente a 0,38% do PIB (Produto Interno Bruto). O dado é do ano passado, quando o crescimento foi de 4,95% sobre 2016.

Para alimentar e cuidar dos pets, a cadeia de produção e serviços do segmento inclui, além de pet food (alimentos), pet vet (produtos veterinários), pet care (equipamentos, acessórios, produtos de higiene e beleza animal) e pet serv (serviços). Pet food lidera o faturamento, tendo representado nos últimos anos quase 70% desse mercado, formado por 52 milhões de cães, 38 milhões de aves, 22 milhões de felinos e 18 milhões de peixes.

No mundo, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os maiores criadores de animais domésticos. Em primeiro lugar, está a China (289 milhões), depois Estados Unidos (226 milhões), e o Reino Unido (146 milhões). A população mundial é de 1,56 bilhão.

Os Estados Unidos lideram a produção para atender o mercado (42,2%), seguidos pelo Reino Unido (5,8%). O Brasil é o terceiro maior produtor com 5,14%. A produção brasileira de 2,66 milhões de toneladas é direcionada especialmente para atender ao mercado interno, mas a exportação, que tem aumentado a cada ano, atingiu em 2017 US$ 210,1 milhões.

As famílias e seus animais de estimação movimentam as finanças de 33,1 mil pet shops, 80 mil pontos de vendas e 700 mil empregos.

“O brasileiro não deixa de comprar os produtos, mesmo em momento de crise econômica”, segundo França. As necessidades básicas do pet são incluídas no orçamento doméstico. Mas o aumento de volume de negócios, em 2017, foi influenciado por produtos mais baratos. O que se explica em função da criação de animais de estimação estar concentrada nas classes C e D, que normalmente têm maiores perdas de renda nesses períodos mais difíceis da economia.

Manual Pet Food

A Associação presidida por França é referência técnica para informações sobre a indústria e o comércio de animais de estimação. Duas publicações são fontes de consulta. O Painel Pet coleta dados atualizados das empresas. O Manual Pet Food Brasil é um guia de boas práticas utilizado por fabricantes de alimentos. O manual contém informações sobre padrões técnicos e de qualidade de matérias-primas, parâmetros nutricionais, metodologias analíticas e condições ideais de produção para garantir alimentos seguros. A periodicidade é bienal. Versão online está disponível no site da Abinpet.

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