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Ritmo intenso dos embarques brasileiros de carne bovina sustentou os valores domésticos da arroba e da carne

Exportações foram importantes ao setor pecuário, especialmente no segundo trimestre deste ano

Ritmo intenso dos embarques brasileiros de carne bovina sustentou os valores domésticos da arroba e da carne

Depois de registraram patamares recordes reais no encerramento de 2019, os preços do boi gordo e da carne seguiram praticamente firmes ao longo de todo o primeiro semestre de 2020. A sustentação veio, especialmente, da baixa oferta de boi gordo. Neste caso, o maior abate de fêmeas entre 2018 e 2019 limitou a quantidade de animais prontos em 2020 – vale lembrar que, o volume abatido no Brasil nos primeiros três meses deste ano foi o menor desde 2011, segundo dados do IBGE.

Além disso, o ritmo intenso dos embarques brasileiros de carne bovina sustentou os valores domésticos da arroba e da carne. As exportações foram importantes ao setor pecuário, especialmente no segundo trimestre deste ano, quando a demanda brasileira começou a mostrar sinais de enfraquecimento diante da crise por conta da pandemia de coronavírus.

BOI GORDO – Em dezembro, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 registrou média recorde da série histórica do Cepea, de R$ 218,08, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI), e atravessou os seis primeiros meses de 2020 em torno de R$ 200,00. Em junho, a média do Indicador foi de R$ 209,87, a terceira maior da série do Cepea (iniciada em 1994), atrás somente das verificadas em novembro/19 e dezembro/19.

CARNE – A média de dezembro da carcaça casada do boi negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo atingiu R$ 15,24/kg, também recorde da série deste produto, iniciada em 2001. A proteína atravessou o primeiro semestre de 2020 sendo comercializada em torno de R$ 14,00/kg, com a média de junho a R$ 14,07/kg.

DIFERENÇA ENTRE BOI E CARNE – O preço médio da arroba da carne no atacado em junho seguiu superior ao da arroba do animal para abate, contexto que vem sendo verificado, em termos gerais, desde o encerramento de 2016. No entanto, essa vantagem diminui bastante no mês. Isso evidencia que o ritmo de alta nos preços do boi está acima do observado para a carcaça, o que, por sua vez, pode estar atrelado ao recente enfraquecimento da demanda brasileira pela carne, diante do menor poder de compra da população, que deve estar em busca de proteínas mais competitivas. Em junho, a diferença entre os preços da arroba do animal e da carcaça casada foi de apenas 1,18 Real/@, com vantagem ainda para a carne negociada no atacado. Essa é a menor diferença desde agosto de 2018, quando esteve brevemente negativa, em 0,4 Real/@, ou seja, com a arroba do animal negociada acima da carne no atacado. Como comparação, em junho do ano passado, a diferença era de 10,24 Reais/@, com vantagem para a carne no atacado.

BEZERRO – Também como resultado do aumento do abate de fêmeas nos últimos dois anos (2018 e 2019) e do crescimento no abate de novilhas, os preços reais do bezerro estiveram em patamares recordes reais no primeiro semestre de 2020. Esse cenário sustentou a rentabilidade do criador, que também se deparou com preços de insumos importados elevados (em decorrência do dólar recorde) e com milho e farelo de soja valorizados. Assim, o preço médio do bezerro nelore (de 8 a 12 meses) comercializado no estado de São Paulo – que foi de R$ 1.676,33/cabeça em dezembro/19, em termos reais – esteve em torno de R$ 1.900,00 no primeiro semestre de 2020. Em junho, a média do animal de reposição foi de R$ 1.989,01 – o recorde real da série, de R$ 1.994,43, foi observado em maio de 2020.

RELAÇÃO DE TROCA – Mesmo com a firmeza da arroba do boi gordo, os preços elevados do bezerro reduziram o poder de compra do pecuarista recriador. Enquanto em dezembro esse pecuarista precisava de 7,29 arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro (de 8 a 12 meses), em junho, precisou de 9,15 arrobas.

EXPORTAÇÃO – O Real desvalorizado frente ao dólar favoreceu as exportações brasileiras no primeiro semestre de 2020, tendo em vista que elevou a competitividade da carne nacional em um cenário de poucos ofertantes externos. Soma-se a esse contexto os casos de covid-19 em alguns países e suas indústrias, assim como problemas sanitários em rebanhos animais, como a Peste Suína Africana (PSA), influenza e febre aftosa. Observa-se, até o momento, que os embarques são recordes para um primeiro semestre. Segundo dados da Secex, em junho, foram embarcadas 152,47 mil toneladas de carne bovina in natura, 2% abaixo do volume de maio, mas 35% acima do de junho de 2019 e um recorde para o mês. No balanço do semestre, foram exportadas 777,42 mil toneladas de carne in natura, um recorde para o período.

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