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Brasil é 13º na exportação de peixes ornamentais

Brasil tem hoje 725 espécies liberadas para comercialização

Brasil é 13º na exportação de peixes ornamentais

Eles são pequenos, coloridos e estão presentes em milhares de casas brasileiras. São o quarto pet preferido dos brasileiros e sua procura cresce a cada ano. Estamos falando dos peixes ornamentais, mercado dominado pelos tigres asiáticos, no qual Brasil ainda tem muito a avançar. 

Os dados são tão contrastantes quanto as cores dos peixes de aquário. Para se ter uma ideia, enquanto países como China são ávidos em pedidos de patentes no setor, com milhares de registros, a participação do Brasil no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) não passa de algumas dezenas. Segundo informações do International Trade Centre de 2016, Singapura fatura por ano U$ 44.205 mil em exportação de peixes ornamentais –  o pequeno país asiático ocupa a liderança no ranking. Em contrapartida, o Brasil ocupa apenas o 13º lugar, com  U$ 6.570 mil em exportações. Esses e outros números foram apresentados pela Embrapa no terceiro dia do Aqua Ciência 2018, congresso que reúne os maiores especialistas em aquicultura do país em Natal (RN), até o próximo dia 21 de setembro.

O mercado interno por sua vez possui números subdimensionados. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET), a quantidade de peixes ornamentais no país é de 18 milhões, enquanto o número de cachorros chega a 52,2 milhões e o de gatos, 22,1 milhões. Para o pesquisador Fabrício Rezende, da Embrapa Pesca e Aquicultura, esses números estão subdimencionados. "Há naturalmente uma dificuldade muito maior de se calcular o número de peixes ornamentais e acreditamos que na verdade essa quantidade seja bem maior", aposta ele na sua palestra "Panorama da Aquicultura Ornamental", no último dia 19.

Melhoramento genético - O Brasil tem hoje 725 espécies liberadas para comercialização, das mais de 4 mil catalogadas na fauna local, e figura entre os principais países com alta variedade de espécies de finalidade ornamental e de aquarofilia, ao lado de China, Alemanha, Singapura e EUA. As espécies de maior valor entre os aquariofilistas são típicas do Brasil, como a raia (Potamotrygon sp.), natural da Amazônia. Atualmente, o Pará é o estado que mais exporta, mas o Ceará é o que mais fatura no preço do peixe, que fica na média de U$ 42,19 a unidade.

Para Rodrigo Fujimoto, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, também presente no AquaCiência e que abordou  o tema "Inovações Tecnológicas em Aquicultura Ornamental", o Brasil precisa investir mais em melhoramento genético. "O país exporta ciclídios selvagens para a China e depois importa esses peixes com outras cores, outras matizes e muito mais caros, pois passaram por melhoramento genético. Até quando vamos ficar assim?", questiona.

Ele destacou a importância de se haver espaço para a pesquisa básica para que ela leve inovações antes mesmo de surgir demandas de mercado. "É o caso dos peixes transgênicos GoFish, com material genético extraído de corais e algas marinhas, que geram animais em várias cores florescentes. Esse foi o típico caso em que a academia gerou um produto e ele passou a ser demandado pelo mercado. Antes  ele nem sonhava com um produto assim, mas depois passou a consumi-lo", afirma. Segundo Fujimoto, isso só é possível quando a ciência não trabalha apenas para atender aos anseios do mercado.

O pesquisador lamentou a tímida participação do Brasil com pedidos de patente na área de aquicultura ornamental, com apenas 57 processos e 24 em piscicultura no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). "Uma pesquisa no Google Patentes revela 52 mil registros, sendo a maioria da China. O mundo está inventando. O Brasil inventa, mas não consegue proteger seus inventos".

A falta de valorização do conhecimento nacional, a ausência de marketing ou marketing negativo, além da desunião dos elos da cadeia de aquicultura ornamental são alguns dos principais problemas que prejudicam o desenvolvimento do país no setor, segundo Fujimoto. Para Fabrício Rezende, a legislação também prejudica. "Há uma desconexão de necessidades de mercado e a legislação vigente e isso tem sido um entrave para o desenvolvimento desse mercado no Brasil", afirma.

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