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Aplicativo ajuda a escolher a árvore certa para a pastagem

Inserção de árvores mais adequadas recupera pastagem e melhora produção

Aplicativo ajuda a escolher a árvore certa para a pastagem

Embrapa e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) disponibilizam, gratuitamente, um aplicativo que auxilia o produtor a escolher as espécies de árvore mais adequadas à cada pastagem. "O Arbopasto é uma ferramenta indispensável para técnicos e produtores rurais planejarem a introdução do componente arbóreo em área de pastagem com as espécies mais adequadas”, afirma a pesquisadora da Embrapa Rondônia Ana Karina Salman.

O aplicativo surgiu do livro Guia Arbopasto, já existente em versão impressa, segundo Fabiana Villa Alves, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (MS), que também participou do desenvolvimento. “Pela nossa experiência com aplicativos de uso na agropecuária, vimos a oportunidade de transformá-lo em uma ferramenta de fácil acesso e consulta, que será expandida em uma próxima versão para as espécies nativas do Cerrado”, conta Alves.

O Arbopasto está disponível no GooglePlay, para dispositivos que operam com Android, e também pode ser acessado na internet por celulares, tablets, computadores e até smart TVs com qualquer sistema. A tecnologia disponibiliza informações de 51 espécies arbóreas nativas da Amazônia Ocidental de forma rápida por meio de uma série de funcionalidades, como filtros de busca para a procura por espécies considerando suas principais características.

Árvores no pasto para quê?

A inserção de árvores nas pastagens, para atender diversas finalidades, é um desafio cada vez mais presente no dia a dia dos pecuaristas brasileiros. Os ganhos são muitos: elas podem diversificar os produtos obtidos na propriedade e elevar a renda, melhorar o microclima e oferecer mais conforto térmico e bem-estar ao animal, aumentar a fertilidade do solo e até tornar a paisagem mais agradável.


Para escolher a melhor árvore

O catálogo conta com fotografias para facilitar a identificação. “A principal vantagem do aplicativo é a portabilidade. Quando o produtor rural encontrar uma árvore no campo, poderá verificar imediatamente se é boa para a pastagem, se os frutos não causam intoxicação nos animais, entre outras características”, detalha o pesquisador da Embrapa Acre Carlos Maurício de Andrade.

Além disso, devido à riqueza da flora brasileira e da Amazônica, em especial, não é tarefa fácil escolher as espécies arbóreas nativas mais aptas para serem inseridas em pastagens, seja em sistemas do tipo integração-lavoura-pecuária-floresta, ou em forma de bosquetes e árvores dispersas. Dependendo da finalidade desejada, os produtores devem considerar vários aspectos, como o tipo e tamanho da copa, para que a pastagem ao redor seja mantida; a velocidade de crescimento da espécie, para que os animais possam entrar na área o quanto antes possível, sem danificarem as mudas; e a característica dos eventuais frutos, que devem ser comestíveis e não apresentarem substâncias tóxicas.


Árvores melhoram qualidade do capim

Um exemplo é o bordão-de-velho (Samanea tubulosa), espécie que apresenta as melhores características para fornecimento de serviços, de acordo com o ranking elaborado pelos pesquisadores para o Guia Arbopasto. “Em geral, as leguminosas, como é caso do bordão-de-velho, apresentam características interessantes devido à sua capacidade de fixar nitrogênio e à arquitetura da copa, que permite passagem de luz solar adequada para o crescimento das gramíneas que estão embaixo. No aplicativo, algumas espécies apresentam fotos das plantas jovens, e isso é interessante porque quando o produtor rural for fazer o controle de plantas daninhas, poderá checar a espécie e manter a muda que lhe for interessante no futuro”, explica Andrade.

O produtor rural João Evangelista, conhecido como João Paraná, possui uma área de 200 hectares, no município de Senador Guiomard, a 70 quilômetros de Rio Branco (AC). Para recuperar as pastagens degradadas, João e pesquisadores da Embrapa instalaram uma área de três hectares, em 2009, que combinou, durante a etapa de instalação, o plantio de árvores nativas, como o mulateiro e o bordão-de-velho, com a produção de grãos. Em 2014, a área voltou a ser pastejada e o produtor rural notou melhorias nas forrageiras cultivadas.

“Onde há árvores, o capim tem uma qualidade muito melhor. O gado tanto tem a sombra quanto o alimento. Além disso, o solo não vai ter tanta erosão e as folhas vão virar adubo. Quando você olha o pasto onde não tem uma árvore, o solo está enfraquecido. Próximo às árvores, a terra é mais fértil, é possível notar a diferença na coloração do capim. Por isso eu recomendo que quem tem árvores como essas na pastagem que cuide para manter”, declara.

Abrange outros biomas

Os dados do aplicativo migrados do “Guia Arbopasto: manual de identificação e seleção de espécies arbóreas para sistemas silvipastoris”, lançado em 2012 pela Embrapa Acre em parceria com a Embrapa Rondônia, estão na base de dados do aplicativo. São árvores encontradas em pastagens nos estados do Acre e Rondônia, mas a maioria das espécies ocorre, também, nos outros biomas brasileiros. Segundo o pesquisador da Embrapa Acre Carlos Maurício de Andrade, das espécies disponíveis, 100% estão presentes na Região Norte, 76% no Centro-Oeste, 53% no Nordeste, 31% no Sudeste e 20% no Sul do Brasil. “É um aplicativo de abrangência nacional e internacional, porque temos paisagens parecidas nos países que fazem fronteira com o Brasil, como Peru, Bolívia, Colômbia e Equador”, declara Andrade.

O aplicativo foi desenvolvido por meio de parceria entre Embrapa RondôniaEmbrapa AcreEmbrapa Gado de Corte e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com o apoio financeiro do Banco da Amazônia (Basa).

Opera também off-line

O aplicativo Arbopasto possui uma novidade tecnológica. A ferramenta funciona em qualquer dispositivo móvel e também em computadores convencionais, além de poder ser utilizada no campo, ou seja, em locais sem a presença de internet. Segundo Camilo Carromeu, do Núcleo de Tecnologia da Informação da Embrapa Gado de Corte, ele foi desenvolvido utilizando um conceito denominado “aplicação web progressiva”, do inglês “Progressive Web Applications – PWA”. O uso dessa tecnologia permite desenvolver aplicações Web que se comportam de forma muito semelhante a aplicativos móveis nativos, beneficiando-se, dessa forma, das melhores características das duas plataformas.

Para o desenvolvedor do aplicativo e graduando do curso de Ciência da Computação da UFMS, Mário de Araújo Carvalho, tecnologias híbridas, como o PWA, são mais fáceis e menos onerosas de serem mantidas e evoluídas, uma vez que há um único código-fonte comum a todos os tipos de dispositivos.

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