#Larissa Lessi
Perdas Gestacionais em Rebanhos de Corte em Rondônia - Relato de Caso
Perdas gestacionais em rebanhos de corte possuem impacto negativo e causam grandes prejuízos na Pecuária de Cria.
Várias são as doenças que provocam estas perdas, que podem ocorrer em momentos diferentes durante a gestação. Dentre elas, as mais comuns são Leptospirose, Diarreia Viral Bovina, Rinotraqueite Infecciosa Bovina, entre tantas outras enfermidades, que em sua maioria são doenças infecciosas.
Nem sempre perdas Embrionárias e perdas Fetais são perceptíveis aos produtores rurais, pois alguns ocorrem muito precocemente e não são vistos.
As perdas gestacionais são identificadas com maior frequência quando a fazenda realiza Inseminação Artificial acompanhada por um técnico capacitado para tal, ou seja, quando existe a rotina de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) com Ressincronização da Ovulação.
As perdas gestacionais podem chegar até 20%, principalmente entre 30 e 120 dias após a IATF.
Pesquisas já mostraram que taxas de fertilização são relativamente altas, variando de 80 a 90%, porém, aproximadamente aos 30 dias são observadas taxas de concepção em torno de 35 a 45% (SARTORI et al.,2002) o que comprova que as perdas são altas nas fases iniciais de gestação (AYALON 1978; LUCY 2001).
É de grande importância que as Fazendas de Cria, que utilizam tanto IATF como Monta Natural, realizem Diagnóstico Final da Estação de Monta (EM), ou seja, mesmo as fêmeas que foram diagnosticadas como prenhes durante a EM, devem ser reexaminadas para confirmação e conhecimento do número de animais que sofreram aborto. Neste momento, é possível que o Médico Veterinário possa identificar qual o percentual das perdas gestacionais.
As novilhas são a categoria de maior susceptibilidade, e por isso, as que maior apresentam perdas gestacionais.
Na última EM da Fazenda Chapadão do Paraíso, propriedade localizada no Município de Alto Alegre dos Parecis - RO, observamos um exemplo clássico de perda gestacional.
Pudemos realizar a comparação entre Novilhas não vacinadas e Novilhas Vacinadas.
Com rebanho se aproximadamente 1500 fêmeas, a Fazenda utiliza IATF desde 2014 de maneira intensiva, submetendo alguns lotes em até três protocolos de IATF.
A Fazenda Chapadão do Paraíso já utiliza vacinação contra doenças da Reprodução desde 2018.
No último ano, 320 novilhas foram inseminadas e diagnosticadas prenhes durante a EM. Destas, 183 novilhas são oriundas de cruzamento industrial, ou seja, 1/2 sangue Angus X Nelore e não foram vacinadas. As demais, 137 novilhas são Nelore Precoces e foram vacinadas.
Após o fechamento da EM ocorrido em junho/22, pudemos observar dentro desta categoria até 11% de perdas gestacionais, conforme tabela abaixo:
Em suma, as Novilhas ½ Sangue Angus Não Vacinadas, tiveram 5% de perda gestacional a mais, quando comparadas com as Novilhas Precoces Nelore Vacinadas. Chama-se a atenção que, de maneira geral, as Novilhas Nelore historicamente possuem perdas maiores devido raça e idade, o que demonstra ainda mais o efeito positivo da vacinação nestes animais.
Podemos neste caso, fazer a conta que 5 bezerros perdidos por falta de vacina reprodutiva, ao preço médio entre macho e fêmea, no valor de R$ 2.150,00 causaram um prejuízo nesta fazenda de R$ 10.750,00 aproximadamente. Com este valor, podemos investir em 1200 doses de vacina, ou seja o investimento se paga tranquilamente.
Para evitar este prejuízo nem sempre "visto" pelo Produtor Rural, recomenda-se a imunização do Rebanho com Vacinas específicas, e que possuam a maior cobertura possível, tanto na quantidade de patologias a ser protegida, como na qualidade e durabilidade de proteção do rebanho.