#Prof. Dr. Raycon Garcia
A tempestade da pecuária
Os últimos anos foram marcados por mudanças significativas na pecuária de corte brasileira e, de 2022 para 2023, o produtor tem sentido na pele a força do ciclo pecuário. Parece pouco tempo para tanta mudança, contudo saímos de bezerros que eram comercializados “na perna” em torno de R$ 2.800,00 (ou por volta de R$ 15,00/kg), para atuais R$ 1.500,00 (R$ 6,00/kg).
Um dos principais fatores que influenciaram essa mudança é o ciclo pecuário, que desde 2019, com o início do aumento do preço da @ do boi gordo, a subsequente valorização do bezerro e a consequente retenção de fêmeas, resultando em uma maior produção de bezerros, fazendo com que o mercado saturasse. Na prática isso acontecei com um espaçamento de tempo um pouco maior do que vimos recente, porém, a conta chega. E ela chegou, pressionando o valor do produto.
Outro ponto que precisa ser considerado é a pandemia do COVID-19, que teve uma duração de quase três anos, e que infringiu sobre todos os segmentos econômicos e da sociedade; o planeta não estava preparado, vimos falta de insumos, aumento descontrolado do valor de produto e serviços, e quando nos demos conta, o ciclo já estava virando. Virando com uma rapidez que não esperávamos quando em meados de 2022 a @ do boi gordo começou a cair.
Pois bem, para colaborar ainda mais, o caso de uma vaca louca – que nem vaca era, muito menos louca –, prejudicou ainda mais o mercado interno. Uma pressão de baixa no valor da carne, seguida da suspensão das exportações, associadas à baixa escala de abate e muito animal para ser abatido, sopesaram muito para essa baixa. Talvez a agricultura esteja mais acostumada com essas oscilações de mercado, porém nossa realidade na pecuária é outra e o impacto foi forte.
Mesmo com notícias boas, como a volta da exportação, mais aberturas de plantas frigoríficas e novos horizontes mercadológicos ampliando-se, ainda deixam o preço da @ do boi gordo tímida em nossa região, atuais R$ 240,00 machos e R$ 220,00 fêmeas (médias regionais). E depois de tanto tempo, pouco se sonha com a @ de R$ 300,00.
Entretanto, mesmo com a tempestade chegando forte, alguns pecuaristas ainda encontraram alternativas para mitigar os efeitos, e dentre todas elas, podemos citar: A compra de insumos e produtos para as propriedades de forma planejada e programada, o que gerou nos últimos 6 meses uma economia na produção de até 30%, ou seja, controlar custo dentro da porteira, traz resultados; investimentos em qualidade de animal acabado, poucos perceberam que temos dois tipos de mercado, um mercado “convencional” e o mercado “prime”, esse último, produzindo animais de qualidade superior, independente da fase, ainda conseguiu ganhar dinheiro, visto que o ágio sobre a @ variava em torno de 10%; e, por fim, e não menos importante, alguns aprenderam a comercializar o boi futuro, ou boi da bolsa, travando seus custos e principalmente frente ao nosso mercado físico, ganham variações de aproximadamente R$ 60,00/@, e ficando a certeza de que esse também é um mercado a ser explorado.
Portanto, tiramos lições valiosas dessas três estratégias como: mensurar, avaliar e corrigir, são estratégias que precisam ser feitas para melhorar as receitas, controlando custos e produzindo mais e melhor na fazenda, além de qualidade e eficiência serem sempre colocadas à prova, pois ajuda, e muito, a melhorar os ganhos. E seguimos fortes, lutando e trabalhando para uma pecuária forte e lucrativa.
Raycon Garcia
Zootecnista
Diretor Geral da PROAGRO Soluções Pecuárias
e-mail: raycongarcia@proagroagronegocios.com.br
Contato: 69 9.8495-9091