#Prof. Dr. Raycon Garcia
Por onde caminha a produção leiteira do Estado de RO
Prof. Dr. Raycon Garcia
Você já tomou leite hoje? Provavelmente se não tomou ainda, vai tomar! Seja de forma direta ou indireta, pois o leite ou seus derivados estão presentes em diversos alimentos da nossa culinária. Não tem como negar que o leite é um alimento de extrema importância para a população mundial.
Em 2014, a produção brasileira alcançou o recorde de 35,1 bilhões de litros produzidos, contudo, após um decréscimo, em 2018 voltamos a aumentar a produção, porém ainda apresentamos 33,8 bilhões de litros produzidos (IBGE/EMBRAPA, 2020), e a variação positiva para 2021 em relação a 2020 foi de 2,7% (MilkPoint, 2021).
No entanto, um fato que chama muito a atenção é que o rebanho ordenhado no Brasil diminuiu, saímos de 23 milhões de cabeças para pouco mais de 16 milhões em 2018, para tanto, esses dados se unem quando observamos que a produtividade por vaca praticamente dobrou de 1997 até 2018 (IBGE/EMBRAPA. 2020). Ainda assim mesmo o país estando entre um dos maiores produtores de leite do mundo, quando o assunto é produtividade, ocupamos a 85º posição no ranking, ou seja, ainda temos muito o que melhorar.
Quando atraímos os olhares para o Estado de Rondônia, nos deparamos com a predominância de propriedades produtoras de leite, cerca de 80%, produzindo em média 70 litros/leite/dia, com uma produtividade de apenas 4,4 litros/vaca/dia (EMBRAPA, 2020). Nossa produção total por vaca por período de lactação é de aproximadamente 1.058 litros, sendo positivo, quando comparado ao oitavo colocado no ranking nacional, que é São Paulo, com 1.585 litros/vaca/ano, e o primeiro é Santa Catarina com 3.799 litros/vaca/ano. Cabe salientar que as particularidades de clima e de aptidão dos rebanhos são peças fundamentais para a melhora desses indicadores.
Por exemplo, a Leiteria Sempre Bom, em Cerejeiras-RO, que chegou a ter uma produção de 21 litros/vaca/dia na média do rebanho em julho de 2021, ficando com médias de 18 litros/vaca/dia ao longo do ano. Essa marca só foi atingida através da gestão e do planejamento do empreendimento, através da análise sistemática de indicadores e de variáveis que podem interferir significativamente nos resultados esperados.
Outro fator muito observado, é o preço pago pelo litro do leite, e de acordo com o Conseleite, o leite entregue em fevereiro de 2022 a ser pago em março do mesmo ano teve seu valor de referência taxados em R$ 1,73. Porém sozinho nos diz pouca coisa, visto que é muito mais importante observamos os custos de produção, pois esses podemos controlar.
Para exemplificar fatores de eficiência produtiva, feita através de gestão de qualidade e manejo correto dos animais, posso citar a Leiteria Sempre Bom, em Cerejeiras – RO, que em junho de 2021 apresentava um rebanho de 39 vacas em lactação e uma produção de 6.531 litros/mês (5,58 litros/vaca/dia), e sem nenhum indicador de custos de produção. E após 7 meses de um trabalho sério, árduo e dedicado, alcançamos a marca de 54 vacas em lactação no rebanho, com uma produção total de 24.874 litros/mês (15,35 litros/vaca/dia), com um custo de produção efetivo de R$ 1,23 litro/leite.
“Ainda temos muito o que melhorar, já tivemos vacas com picos de produção acima dos 30 litros/dia, e já passamos a produção diária de 1.000 litros algumas vezes. Os desafios são controlar os custos, e estar sempre melhorando e monitorando, fazendo o possível para nos mantermos na atividade e sendo bem remunerados por isso”, relata o sr. José Mascarenhas, produtor da leiteria.
Acreditamos que o leite de resultados, porém devermos ter indicadores e saber como melhora-los, o acompanhamento técnico de comprometimento se faz necessário, além é claro, do desejo do pecuarista em ser produtor de leite, e encarar a atividade como negócio. Pois apesar dos entraves da atividade, acreditamos que um dos maiores gargalos estão da porteira a dentro, ou seja, na própria propriedade.
Raycon R. F. Garcia
Doutor em Zootecnia
Diretor Geral da PROAGRO
Professor de Produção Animal da FARON